Por duas vezes estive na África do Sul e na volta de uma destas viagens fui convidada pela Carmen Pousada a participar da exposição "Foco 24 Horas".

A ideia surgiu nas conversas que tive com ela, pois acredito que é na vernissage que as coisas acontecem e que fazer uma exposição que dure apenas 24 horas é o máximo! Com isto, o local foi escolhido a dedo e não era preciso se preocupar com o custo, pois afinal, seria apenas uma noite.

Comecei a preparar a tela no Guarujá.

Tenho muita preguiça em começar uma pintura, fazer a base é bem chato e  quanto maior for a tela, maior é meu desânimo em pegar nos pincéis. Gosto mesmo é de fazer os detalhes e de colorir. Aí ninguém me segura!

Por isto, tratei de dar a famosa aguada, que é escolher o tom do fundo e deixar as coisas acontecerem. O cinza e marrom me lembravam algo parecido com savanas, então tratei de colocar estas cores em um balde e de jogar a água por cima do canvas.

Aí, a chuva começou e não havia como trabalhar na tela que estava para lá de enxarcada. Resolvi fazer do limão uma limonada e a cada dia eu amassava o canvas de um modo diferente, até que no primeiro dia de sol, abri a tela e a observei.

Percebi a figura de um elefante branco entrando na tela pelo lado inferior direito, totalmente criado por si só, pois se tem uma coisa que não faço é desenhar fazendo um pré-projeto na minha pintura.

O que quero é me divertir. Ah, só para constar, não desenho por que não sei, e adoraria ter este dom. Até tentei tomar umas aulas, mas quando vi que a vontade que eu tinha era a de brigar com o professor por ele a cada instante me fazer pegar na borracha para apagar o que tinha feito, desisti das aulas. 

Olhando mais o resultado da aguada, vi troncos, patas de elefantes, então estava decidido que seriam eles meus artistas principais e preservados, pintei em sua volta os detalhes abaixo.